Desde que assumiu a presidência em 2019, Bolsonaro vem deixando clara sua intenção de nomear um evangélico para a corte mais alta do país. A indicação, no entanto, não é simples, uma vez que o candidato precisa ter um currículo sólido e uma reputação ilibada.

Neste cenário, o nome de André Mendonça, que é pastor presbiteriano, vem ganhando força. Mendonça é um dos principais assessores jurídicos de Bolsonaro e desempenhou um papel fundamental na defesa da chamada cura gay e na tentativa de proibir a ideologia de gênero nas escolas.

Mendonça tem formação em Direito pela Universidade de Brasília e um mestrado em Estado e Constituição pela mesma instituição. Foi advogado-geral da União durante o governo Temer e assumiu novamente o cargo em abril de 2019, durante a gestão de Bolsonaro.

Além disso, Mendonça tem um perfil discreto e pouco polêmico, o que pode ser uma vantagem em um cenário político cada vez mais polarizado. Em sua atuação no cargo de advogado-geral da União, ele teve de lidar com questões complexas, como as investigações da Operação Lava Jato e as ações judiciais movidas por empresas afetadas pela greve dos caminhoneiros em 2018.

No entanto, a possível indicação de Mendonça não está livre de críticas. Seus oponentes lembram que ele tem apoiado políticas de Bolsonaro que são vistas como contrárias aos direitos humanos e à Constituição brasileira, como a flexibilização do porte de armas de fogo, a expansão do agronegócio na Amazônia e a redução das proteções ambientais.

Além disso, a escolha de um candidato evangélico pode ser vista como uma tentativa de Bolsonaro de agradar sua base eleitoral, que é bastante conservadora e religiosa. Para especialistas em direito constitucional, no entanto, a religião não deve ser um critério relevante na seleção de juízes para a mais alta corte do país.

De qualquer forma, a escolha do próximo integrante do STF é uma decisão importante para o futuro da democracia brasileira e o cumprimento das leis e direitos constitucionais. Resta agora esperar para ver quem será o escolhido pelo presidente.